FEMINISMO NEGRO
Foto/ reprodução The New Yorker |
Por Laura Stein
CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE nasceu em Enugu, na Nigéria, em 1977. Esse livro é uma versão modificada de sua palestra na TEDxEuston em dezembro de 2012 e fala sobre nós, mulheres. Sobre gênero. Livro curto, fácil e necessário para nossas vidas.
Chimamanda é conhecida por suas palestras e livros. A nigeriana é feminista assumida e conta, aqui, nessa obra, que descobriu aos 14 anos ser realmente e passou a aceitar essa posição, agarrando a luta, ao ouvir de um de seus melhores amigos, antes mesmo de saber o significado da palavra, porém com um tom tratando como se ser feminista é como se fosse ser terrorista. O que, de fato, na África ainda é tabu, seria como ser anti-africana.
Ela, que passou por obstáculos ao se mudar para os Estados Unidos e teve que ouvir falarem sobre a cultura africana de forma irreal, cita frases maravilhosas ao longo dessa obra que deveria e deve ser lida por homens e mulheres, afinal, conforme a palestrante "feminista é o homem ou a mulher que diz: “Sim, existe um problema de gênero ainda hoje e temos que resolvê-lo, temos que melhorar”. Todos nós, mulheres e homens, temos que melhorar." E de longe, sabendo que o machismo é capaz de afetar homens e mulheres, podemos concordar com sua visão.
Ao decorrer do livro, é citado exemplos de dificuldade que passou pelo simples fato de ser mulher, como num restaurante o garçom cumprimentar apenas o homem, ou então, o fato de uma mulher não poder entrar sozinha numa balada. E, levando em consideração as situações, comenta uma verdade absoluta e triste sobre a realidade feminina dita pela a nigeriana Wangari Maathai ganhadora do prêmio Nobel da paz : "quanto mais perto do topo chegamos, menos mulheres encontramos." O que leva, em sequência, fazer sentido a questão cultural e mudança que claramente precisamos lutar para conseguir.
"Tem gente que diz que a mulher é subordinada ao homem porque isso faz parte da nossa cultura. Mas a cultura está sempre em transformação. Tenho duas sobrinhas gêmeas e lindas de quinze anos. Se tivessem nascido há cem anos, teriam sido assassinadas: há cem anos, a cultuRA lgbo considerava o nascimento de gêmeos como um mau presságio. Hoje essa prática é impensável para nós.
Para que serve a cultura? A cultura funciona, afinal de contas, para preservar e dar continuidade a um povo. Na minha família, eu sou a filha que mais se interessa pela história de quem somos, nossas terras ancestrais, nossas tradições. Meus irmãos não têm tanto interesse nisso. Mas não posso ter voz ativa, porque a cultura Igbo favorece os homens e só eles podem participar das reuniões em que as decisões familiares mais importantes são tomadas. Então, apesar de ser a pessoa mais ligada a esses assuntos, não posso frequentar as reuniões. Não tenho direito a voz. Porque sou mulher.
A cultura não faz as pessoas. As pessoas fazem a cultura. Se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte da nossa cultura, então temos que mudar nossa cultura."
Chimamanda, felizmente, é uma feminista nigeriana mundialmente conhecida, que não tem vergonha de lutar pela igualdade e apesar de compreender que é infeliz o fato de a mulher ter que estar vestida masculina ou feia para ser levada a sério e já ter aceitado isso, ri e diz ser, hoje, feminista feliz, pois não odeia homens, gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens.
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