O SONO E A VIGÍLIA


Leia um texto da coluna O Thinkeiro, de Daniel Manzoni.

                           
O sono e a vigília


Nem deixou que o pesadelo viesse, sua invasão de possibilidades já foi o suficiente para transformar a escuridão no mais horrendo pesadelo de permanecer acordado quanto todos dormem e seu corpo pede o apagamento.


por Daniel Manzoni


             É pela noite que ele chega tomando espaço do bálsamo bem vindo de todos os dias espraiando como água, suja, de um enxurrada de coisas que não podem ser feitas, justamente, naquele momento. São 2:45 da madrugada e Ele disputa com o silêncio o lugar que naquela hora não lhe pertence, se alimentando, do medo e da incerteza de ser, quente tão quente que faz fritar o corpo de um lado ao outro na cama, não encontrando posição para a cabeça no travesseiro. Por fim, o sono vence já quando o sol aparece pela fresta da janela de alumínio. Nem deixou que o pesadelo viesse, sua invasão de possibilidades já foi o suficiente para transformar a escuridão no mais horrendo pesadelo de permanecer acordado quanto todos dormem e seu corpo pede o apagamento. É desesperador querer e não conseguir. Ao cubo querer fechar os olhos e viajar, mas o seu transporte está impedido por obscuro pensamento que caiu no caminho e impede a viagem. É trem descarrilhado na estrada do silêncio da noite. O relógio na cabeceira da cama denuncia o errado. Todos dormem e só você acordado. Quando o relógio denuncia mais uma vez, dessa vez ao som alto do seu comando programado para aquela hora da manhã, o pesadelo vem a tona de que a viagem foi feita tranquilamente e o pesadelo foi pensar que ela não havia acontecido. Pede-se o cheiro do café quente. Só ele para dizer as verdades e manter acordado quando se quer dormir




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