DO MONTE OLIMPO À SALA DE AULA

Como introduzir o estudo de clássicos gregos na sala de aula.


Por Rafaela Pedrososo*


Zeus, Hércules, Hera, Atena, Aquiles, Perseu...

Não é de hoje que esses nomes ecoam pelo mundo, sendo figuras fundamentais na constituição da história cultural do ocidente. Há séculos, suas histórias são contadas e recontadas, passando das folhas amareladas dos livros para a tela de alta definição dos cinemas.

Com isso, apresentar tais personagens canônicos nas salas de aulas brasileiras nunca pareceu tão fácil, certo?

Errado!

Muito já se foi discutido sobre como um professor deve usar as novas ferramentas tecnológicas, nova mídias e linguagens para chamar a atenção dos alunos na sala de aula, mas quando adentramos nas aulas de literatura, lidar com livros é fundamental, e não importa se o aluno estará com ele em mãos ou em seu celular, o que importa é o ato de ler. Porém, quando o estudante passa para o ensino médio, um preconceito com essas mesmas aulas de literatura já lhe vem à mente, afinal quem quer passar uma ou duas horas lendo livros que não lhe dizem nada? Ninguém. Por isso, acredito que a única saída para tornar as aulas de literatura mais atraentes aos olhos dos estudantes seria a introdução de livros que façam conexão dos conteúdos propostos com a realidade deles.

Afinal, o que teria mais apelo para um jovem de 15 anos? Uma história toda escrita em versos e com uma linguagem complexa como a da Ilíada, de Homero? Ou uma narrativa contemporânea de um garoto com dislexia que acaba de descobrir que seu pai é o deus Poseidon, da mitologia grega?

Acredito que a segunda.


Percy, nome dado em homenagem ao herói grego Perseu, é um garoto que, mesmo sendo um semi-deus, passa por várias situações tidas como normais na escola como o Bullying.

Percy Jackson e os Olimpianos de, Rick Riordan, virou uma febre desde seu lançamento em 2005, adolescentes pelo mundo todo passaram a conhecer muito mais da mitologia grega através das aventuras do menino meio-sangue — que na saga dividida em cinco livros, enfrentou deuses, bruxas e monstros mitológicos de uma maneira nunca vista antes. Sendo assim, um bom caminho para apresentar uma versão mais leve e contemporânea das mesmas figuras mitológicas, para logo depois, apresentar a eles as obras clássicas, que serviram de base para a mitologia por trás da saga de Percy Jackson — mostrando a grande importância dos clássicos na cultura mundial.

Levantadas todas essas questões, por que não usar essas sagas como uma porta de entrada para a formação de novos leitores? Por que não levar esses textos e personagens para a sala de aula? Percy, nome dado em homenagem ao herói grego Perseu, é um garoto que, mesmo sendo um semi-deus, passa por várias situações tidas como normais na escola como o Bullying. Assim, além de trazer para a sala o conteúdo de uma forma mais acessível ao aluno, o professor ou a professora também poderá abordar, em discussões sobre as leituras, assuntos pertinentes ao dia-a-dia deles na escola.

Outro ponto positivo de se trabalhar com esse tipo de Best-seller é que existe outra maneira de fisgar outros leitores em potencial, apresentando a adaptação fílmica das obras. Percy Jackson tem dois filmes e o professor ou professora pode fazer uso deles em sala de aula antes de começar a trabalhar com os livros.

Enfim, do Olimpo para a sala de aula não é um caminho tão distante, basta apenas que o professor esteja disposto a se reinventar. Sair um pouco da zona de conforto, que o modelo de aula padrão impõe.



*Graduanda de Letras pela Universidade Federal do Rio Grande - FURG. Autora do livro Trouble (Clube de Autores, 2017).




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