O FUTURO É AGORA

Costumamos pensar no futuro como algo que está à frente. Mas, parece que não é bem assim.

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                                               O Espelho Falso (1928)
Por Pedro Moreira


O desconforto que qualquer vislumbre do futuro - tecnológico, distópico, totalitário - pode causar, deve ser uma reflexão que nos coloca em cheque sobre nós mesmos. As coisas que podemos ler em diferentes distopias como Laranja mecânica (1962), O conto da aia (1985) e 1984 (1949), só para citar algumas,  parecem ter saído de um pesadelo. Mas não saíram. 

Onde mora o medo? As distopias criam mundos vindouros onde a tecnologia impera (não necessariamente). Onde o componente humano parece ser tão reduzido que seria apavorante viver em um desses mundos. Ora, isso não passa de falso caráter.

O melhor exemplo disso são séries como Black Mirror e The walking dead - há outras, melhores ou piores. Afora a questão da qualidade dessas produções, não podemos negar que são tramas que revelam muito mais o presente (e o passado) do que o futuro. A tecnologia é presença no nosso cotidiano. Até porque a roda é o quê? Tecnologia. Certamente que esse termo tem uma conotação mais futurista hoje em dia. Ainda que um possível colapso apocalíptico poderia nos privar de toda a tecnologia que já estamos acostumados. 

O totalitarismo, o fascismo, o nazismo são velhos conhecidos nossos. As distopias apenas criam versões mais em high definition do nosso mundo. Como seria ver com clareza as nossas contradições que são tantas? Por um acaso não nos vestimos com roupas produzidas por escravos chineses? A vida para essas pessoas é uma distopia. Ou melhor, é a pior versão que o mundo pode ser: um pesadelo.

Acredito que o ser humano tenha sempre se questionado acerca do futuro. Mas, ao fazer projeções de si mesmo, acaba por revelar não o que virá, mas o que já foi e o que já é. Nós expressamos o conhecimento tão explicitamente sobre como seremos escravizados pelos robôs no futuro. Quando na verdade, nós mesmos vivemos como máquinas que servem para produzir, reproduzir e morrer. O futuro já aconteceu.

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